Ecomonia, Cultura e População

                       Características da população:

Ao contrário de quase todos os outros países da América do Sul, o europeu branco tornou-se o principal componente racial do povo argentino. Mas também temos os índios.

Na República Argentina nenhuma religião é caracterizada como oficial. A Igreja Católica Apostólica Romana, de maior tradição, possui um status jurídico diferenciado do restante das crenças segundo a Constituição Nacional, que prescreve a sustentação do culto católico (Artigo 2º).
Além do catolicismo, coexistem harmoniosamente no país mais de 2.500 cultos registrados, como o protestantismo, o pentecostalismo, o judaísmo e o islamismo, entre muitas outras crenças.
Na Argentina, a liberdade de culto está consagrada na Constituição Nacional. A diversidade religiosa tem uma longa tradição que honra nosso país. As legiões de imigrantes das mais distintas origens, que chegaram a estas terras na primeira metade do século passado, brindaram este solo com uma inconfundível marca universalista, humanista e plural. Sendo assim, a Secretaria de Culto da Nação oficia como vínculo entre o governo nacional e cada uma das organizações religiosas
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Homens e mulheres cantam e dançam ao ritmo argentino. Entre lenços e sapateado, os dançarinos desfrutam cada um de seus movimentos. As danças tradicionais são sempre um motivo de alegria tanto para os dançarinos como para os espectadores. Algumas dessas danças representam uma espécie de conquista do homem para a mulher, com movimentos sensuais e românticos, como o Tango ou a Zamba. As danças, assim como os lugares para dançar, são outro clássico argentino; cada cidade tem seu clube ou discoteca e suas pistas de dança ficam repletas cada fim de semana.A Argentina é um dos paises com maior qualidade de vida. 

 

                          Gastronomia:

A Argentina possui influência européia e indígena na sua gastronomia, mas devido ao pampa que faz fronteira com o Uruguai e Brasil que tradicionaliza a pecuária como atividade econômica, vários pratos típicos são baseados na carne bovina e nos derivados do leite. Nos restaurantes portenhos, são comuns os bifes de chouriço (o contra-filé brasileiro), filé mignon, entrecorte e costela. Além dos variados queijos e doces de leite, são comuns os alfajores, chocolates e trufas. O suco de pomelo (tipo de laranja-lima), é muito comum e pode ser encontrado na forma de refrigerante gasoso. Na panificação, a media-luna (originariamente o croissant francês) é uma boa pedida para acompanhar o café com leite e o tradicional cortado, café pequeno com um pingo de leite, nos vários cafés e restaurantes do país.

                                   Media Luna

                              

                                 Literatura

A literatura argentina é uma das mais importantes entre as hispano-americanas. Sua riqueza baseia-se menos em grandes nomes -- apesar de Sarmiento, Borges e Cortázar serem universalmente conhecidos --, do que em sua estrutura interna. Assim como grande parte da América espanhola, a Argentina sempre manteve relações culturais muito intensas com a Europa, da qual acompanhou todas as correntes e tendências. Esse europeísmo, no entanto, foi historicamente contrabalançado por um forte regionalismo, numa dialética que conviveu com outra ainda mais acentuada: a rivalidade entre a capital cosmopolita e as províncias rurais. A esses contrastes a Argentina deve a diversidade de sua criação literária.

                               

 

                                                    Origens

Martín del Barco Centenera escreveu, em 1602, uma epopéia denominada Argentina, que deu o nome à província. Luis de Tejeda foi o primeiro poeta nascido na Argentina. Um século e meio mais tarde, a Memória sobre el estado rural del río de La Plata, do espanhol Félix de Azara, deu testemunho da pobreza e do atraso da colônia. Em 1783 foram fundados em Buenos Aires o primeiro jornal e o primeiro teatro, palcos da atividade literária de Manuel José de Lavardén, pecuarista afeito a leituras européias. Sua Oda al majestuoso río Paraná, na forma dos classicistas espanhóis, é considerado o primeiro poema genuinamente argentino.

A revolução de 1810, pela qual a Argentina se tornou independente da Espanha, produziu uma plêiade de poetas patrióticos. Juan Cruz Varela, poeta oficial do presidente Rivadavia, traduziu Virgílio e escreveu as tragédias Dido e Argia. Exilado no tempo de Rosas, refugiou-se em Montevidéu. Sua ode El 25 de mayo de 1838 é o último poema argentino no estilo neoclassicista espanhol. José María Paz, combatente cordobês contra os rosistas, ofereceu, com suas Memorias póstumas, um quadro mais realista da guerra contra Rosas que as diatribes e lamentações de seus contemporâneos românticos.

                         

 

                                     Romantismo

A queda do governo de Rivadavia e o início da ditadura de Rosas coincidiram com a primeira grande importação literária para a Argentina: o romantismo francês, por meio de Esteban Etcheverría, autor do poema Elvira o la novia del Plata e de El dogma socialista, programa dos românticos anti-rosistas agrupados na Asociación de Mayo. José Mármol, também perseguido pela ditadura de Rosas e exilado em Montevidéu e no Chile, foi um dos primeiros românticos argentinos e tido como um dos maiores poetas da "geração dos proscritos".

No romance Amalia, sua obra mais importante, entrelaça uma história de amor à história da conspiração contra o ditador. O maior dos românticos argentinos, dentre os tantos que buscaram refúgio nos países vizinhos contra a perseguição de Rosas, foi Domingo Faustino Sarmiento, cuja obra Civilización y barbarie; vida y obra de Juan Facundo Quiroga é, ao mesmo tempo, estudo sociológico, manifesto político e biografia romanceada. Tão grande estadista quanto escritor, Sarmiento foi o verdadeiro vencedor na luta contra Rosas. Seu companheiro de exílio Juan Bautista Alberdi, embora tenha participado da redação da constituição de 1853, não integrou o governo Sarmiento e passou o resto da vida entre o Chile e a Europa.

O novo romantismo francês, representado por Victor Hugo, poeta da burguesia liberal, inspirou a nova geração de poetas românticos argentinos, em cuja obra apareciam também os primeiros traços do parnasianismo à maneira de Leconte de Lisle. Olegario Andrade, autor de poemas épicos que podem parecer antiquados ao leitor moderno, foi considerado em sua época o maior do continente americano no gênero. Carlos Guido y Spano, cujas principais obras são Hojas al viento e Ecos lejanos, foi precursor dos parnasianos. Na elegia Nenia, que consta de todas as antologias de poesia hispano-americana, lamenta a derrota do povo paraguaio.

A poesia regionalista e patriótica cultivada por Rafael Obligado teria escandalizado os românticos da Asociación de Mayo. Sua obra mais festejada foi o poema Santos Vega, tradiciones argentinas. O tema gauchesco é essencialmente cômico em Estanislao del Campo, que o retoma magistralmente no poema Fausto, para descrever as emoções de dois gauchos ao assistir a uma representação do Fausto, de Gounod. José Hernández compôs Martín Fierro, o mais original poema épico da literatura do novo continente e possivelmente a maior obra da literatura argentina.

 

José Mármol

                             

 

                                         Naturalismo

Os historiadores argentinos costumam falar numa geração literária da década de 1880, a primeira, depois dos românticos, a refazer o contato com a Europa e empreender uma moderada oposição ao ambiente ainda provinciano. Seu mentor foi Paul Groussac, imigrante de origem francesa e crítico severo da produção científica e literária da Argentina de então. Diretor da Biblioteca Nacional por um período, atacou sem complacência todos os aspectos da vida argentina. Com Julián Martel, pseudônimo de José María Miró, o naturalismo inspirado em Zola ganhou seu primeiro autor na Argentina, que publicou La Bolsa, uma sátira a Buenos Aires de seu tempo. O último naturalista argentino é Roberto Payró, que superou as limitações do dogma literário de Zola. Além de romances históricos, escreveu contos publicados sob os títulos El casamiento de Laucha, Pago chico e Divertidas aventuras del nieto de Juan Moreira

 

 

Julían Martel

                                    Modernismo

A renovação radical da literatura argentina no início do século XX ligou-se à prosperidade econômica do país, grande exportador de carne e trigo para a Europa, e à imigração em massa, sobretudo de italianos. Os latifundiários enriqueceram e surgiu entre eles uma elite europeizada, sensível aos valores artísticos. A imigração européia transformou Buenos Aires numa metrópole cosmopolita, convulsionada por problemas sociais. Nesse contexto, o nicaragüense Rubén Darío lançou a moda poética do modernismo. Leopoldo Lugones, autor de Las montañas de oro e Los crepúsculos del jardín, é tido como um dos grandes poetas e o maior dos modernistas argentinos.

Sua obra de vanguarda, ilustrada principalmente pelos poemas de Lunario sentimental, sofreu uma mudança radical em direção a uma temática regionalista e patriótica, que acompanhou o giro à direita de suas convicções políticas. Manuel Gálvez teve uma trajetória política e literária semelhante à de Lugones. Antes de adotar o catolicismo e o hispanismo conservador, escreveu romances naturalistas como El mal metafísico e Historia de arrabal, que caracterizam a Argentina moderna. Evaristo Carriego, pouco admirado em vida, foi descoberto pelas gerações posteriores como o grande poeta de Buenos Aires. Em Misas herejes, Viejos sermones, El alma del suburbio e La canción del barrio reage ao preciosismo e à grandiloqüência com uma poesia da vida cotidiana, dos bairros e do tango.

                         

 

                                  Pós-modernismo

O modernismo, que não teve raízes na mentalidade argentina, revelou uma tendência a se transformar em poesia acadêmica e oficial. Acadêmica é a poesia de Ricardo Rojas, também crítico e historiador da literatura argentina; de Rafael Alberto Arrieta e de Arturo Capdevila. O mestre do soneto parnasiano Enrique Banchs, que publicou apenas quatro livros, é considerado por alguns críticos como o maior lírico da literatura portenha. A poesia subjetiva de Alfonsina Storni constitui um libelo contra os preconceitos sociais e confere um traço original à poesia erótica argentina. Baldomiro Fernández Moreno cantou a cidade de Buenos Aires com perfeição parnasiana e foi prolífico em sonetos, entre os quais se destaca pela originalidade o "Soneto de tus vísceras". Florida e Boedo. Depois do final da primeira guerra mundial, a dissolução dos valores tradicionais levou a cena literária argentina a um enfrentamento protagonizado por dois grupos antagônicos.

O Florida, integrado por vanguardistas, estetas e conservadores, teve como porta-voz as revistas Proa e Martín Fierro. Boedo, o grupo dos realistas, jornalistas e socialistas, publicavam Claridad. O maior nome do grupo Florida é Jorge Luis Borges, autor de alguns dos mais impressionantes contos fantásticos da literatura universal, mas cuja importância para a história da literatura reside na poesia que domina a primeira fase de sua carreira. Borges trouxe para a Argentina os processos poéticos da vanguarda espanhola, introduzindo no país o movimento ultraísta, nascido na Espanha e ligado ao dadaísmo francês. O mais importante seguidor de Borges é Adolfo Bioy Casares, romancista que reúne o gênero policial à ficção científica. Outros membros do Florida foram Macedonio Fernández, Oliverio Girondo e González Lanuza.

O grupo de Boedo definiu-se mais pela tendência que pelo estilo. O estudante Héctor Ripa Alberdi, líder da revolta estudantil de 1918, manifestou ainda em versos tradicionais o novo idealismo vagamente socializante. Outros dos escritores mais conhecidos do grupo foram Álvaro Yunque e Elías Castelnuovo, cujo desprezo pela forma os deixou em desvantagem em relação ao grupo de Florida. O maior dos escritores do Boedo foi, no entanto, Roberto Arlt, influenciado pela crítica social dos escritores americanos e pela leitura dos grandes autores russos.

                                  

 

                                        Época atual

Subsistem na literatura argentina contemporânea, sob outros nomes, a influência dos grupos Florida e Boedo. Ricardo Molinari, que pertenceu ao primeiro desses grupos, é um dos grandes poetas da atualidade. O poema Juan Nadie, vida y muerte de um compadre, de Miguel Etchebarne, foi proclamado por Borges a realização total do ultraísmo argentino. A outros, no entanto, o movimento parece definitivamente sepultado. Daniel Devoto experimentou formas inovadoras, Antonio di Benedetto segue a receita do nouveau roman francês e María Elena Walsh confessa a influência de Rimbaud. Ernesto Sábato, intelectual e crítico, cria personagens tipicamente argentinos que enreda em tramas psicológicas de inspiração surrealista. Julio Cortázar, que é discípulo literário de Borges, se encontra politicamente no campo oposto.

A alteração dos limites temporais e espaciais no texto realista fez dele um dos renovadores da narrativa do século XX, para a qual contribuiu com obras magistrais como Rayuela e Libro de Manuel. O mais popular dos escritores argentinos da atualidade talvez tenha sido Manuel Puig, que viveu em Nova York, no Rio de Janeiro e no México. Alguns de seus romances -- Boquitas pintadas, O beijo da mulher aranha -- foram adaptados para cinema e teatro com grande êxito.

                            

 

                                Artes plásticas

Na arquitetura, como nas outras artes, os argentinos procuram sua própria fisionomia. Do barroco espanhol e dos edifícios de influência italiana ou francesa chegaram à contemporaneidade de Amancio Williams que, a partir de Le Corbusier, lançou as bases de um estilo urbano que refletia e incorporava as características nacionais. Na pintura e na escultura, os começos vêm igualmente da Europa, mas já na segunda metade do século XIX a litografia de um Carlos Morel é toda de inspiração nacional.

No início do século XX essa fidelidade se acentua nas obras de Bernaldo de Quirós e Fernando Fader, impressionistas, enquanto se assimilam as novas técnicas e tendências. Nas últimas décadas, o surrealismo do grupo Orión, a arte abstrata e a arte concreta adquiriram expressões originais, particularmente nos trabalhos de Tomás Maldonado e Raúl Soldi.

                               Projeto de Amancio Williams

 

 

                                       Música

O tango é, talvez depois do jazz, a mais valiosa manifestação da música popular urbana do século XX. Sua importância para compositores como Stravinski, e a arte de Astor Piazzolla o confirmam. Nos gêneros sistemáticos, a música argentina principia com Francisco Hargreaves, autor de La gata blanca, primeira ópera nacional. O movimento nacionalista surge pouco depois com Alberto Williams (Aires de la pampa) e cresce com Julián Aguirre, Carlos López Buchardo, Floro Ugarte, Manuel Gómez Carrillo, Constantino Gaito, Honorio Siccardi.

O Grupo Renovación representa a busca de novas técnicas, destacando-se em seguida Roberto García Morillo, Carlos Suffern, Roberto Caamaño, Antonio Tauriello e, sobretudo, Alberto Ginastera, internacionalmente reconhecido. Cinema. O cinema argentino desde seus primeiros passos trabalhou com a cultura gaucha e portenha. Começou pelas mãos de um francês, Eugenio Py, autor de documentários sobre o país. No decorrer do século, com apoio oficial, tornou-se um dos mais significativos dos países latino-americanos. Depois dos pioneiros Eugenio Cardino e Mario Gallo, o primeiro sucesso popular foi o filme Nobleza gaucha (1915), do trio Humberto Cairo, Eduardo Martínez de la Pera e Ernesto Gunche, inspirados no poema Martín Fierro.

A maturidade veio com as obras de Maglia Barth, Mario Soffici, Manuel Romero, Luis Saslavski, Hugo del Carril, Leopoldo Torres Ríos. Do final da década de 1950 em diante, Leopoldo Torre-Nilsson (filho de Torres Ríos), Fernando Ayala, Fernando Solanas e outros cineastas renovaram e aprofundaram os caminhos da arte cinematográfica argentina, que ultimamente ainda produziu filmes como Camila (1984) de María Luisa Bamberg e La historia oficial (1985), de José Luis Puenzo

                        

                              

 

                                        Pensamento

Os pensadores jesuítas da Universidade de Córdoba, no século XVII, desenvolveram as idéias de Francisco Suárez e o pensamento escolástico, que viriam a ter uma longa linha de continuidade com as filosofias cristãs e neotomistas.

No século XVIII, difundiram-se as idéias do iluminismo europeu. Montesquieu, Rousseau, Locke, Leibniz e Hume encontraram seguidores como Cayetano Rodríguez e Elias del Carmen Pereira. A influência francesa tornou-se mais acentuada depois da independência, quando os argentinos se dispuseram a pesquisar a natureza e as raízes filosóficas de sua nacionalidade.

O pensamento argentino não se limitou a reproduzir e desenvolver os grandes sistemas filosóficos europeus, mas imprimiu uma marca original às idéias nascidas nas grandes metrópoles culturais.

Esteban Etcheverría foi a maior expressão nacional do pensamento utópico; Domingo Faustino Sarmiento, do naturalismo; Juan Bautista Alberdi, do empirismo e Carlos Astrada, do materialismo dialético. Cabe mencionar o historiador da filosofia Rodolfo Mondolfo, o evolucionista José Ingenieros e o personalista Emilio Estiú.

Dentro da atividade intelectual cumpre ainda destacar o importante trabalho de pesquisa científica desenvolvido por argentinos, especialmente na área da matemática (Rey Pastor e Enrique Butti), da química (Luis Leloir, Prêmio Nobel de 1970), da medicina (Bernardo Houssay, Prêmio Nobel de 1947, e mais Enrique Finochietto e Gregorio Aráoz Alfaro) e da filosofia da ciência (Mario Bunge).